Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco querem  saber como é o comportamento da dengue em bebês. Eles vão acompanhar  400 bebês na capital, Recife, para investigar se algum tipo de vírus da  doença incide mais entre os pequenos e por quanto tempo os anticorpos  passados pela mãe protegem o bebê. 
 	Os pesquisadores esperam também conseguir informações sobre a faixa  etária em que a vacina contra a dengue deve ser aplicada, quando o  imunizante estiver disponível no mercado. “Poderemos saber qual a melhor  idade para vacinar, porque isso muda de um país para o outro”, disse a  epidemiologista Cynthia Braga, coordenadora do trabalho.
 	Em abril, gestantes passaram a ser recrutadas na maternidade do  Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, entidade  filantrópica que atende à população de baixa renda, pelo Sistema Único  de Saúde (SUS). Até agora, 200 mulheres já foram escolhidas. A seleção  deve terminar em fevereiro do ano que vem.
 	No dia do parto, os pesquisadores vão colher sangue das mães e do  cordão umbilical. Em metade dos bebês, serão coletadas amostras no  segundo, sexto e décimo mês de vida. Nas outras 200 crianças, as coletas  serão feitas no quarto, oitavo e décimo segundo mês.
 	Toda vez que os bebês ficarem doentes ou apresentarem febre, o sangue  será coletado novamente pelo grupo de pesquisa para checar se estão com  dengue. “[A dengue] Pode ser confundida com outras doenças, como uma  gripe”, explicou a coordenadora. O acompanhamento vai durar até as  crianças completarem 1 ano de vida.
 	O tema da pesquisa surgiu a partir de estudos feitos em países da Ásia,  que apontaram os bebês como as principais vítimas de casos graves de  dengue. Nessa região do mundo, acredita-se que o anticorpo da mãe pode  sofrer transformação no organismo dos bebês e aumentar o risco de os  menores desenvolverem as formas mais agudas da doença, segundo Cynthia  Braga. Com o estudo, será possível comparar a reação dos bebês  brasileiros com as dos asiáticos.
 	A coordenadora destaca que os registros no Brasil mostram que os casos  graves são frequentes em crianças maiores e adultos. Há, conforme ela,  pouca informação sobre a incidência da doença nos bebês daqui.
 	O último levantamento do Ministério da Saúde, divulgado em julho,  constatou que das 310 mortes registradas no primeiro semestre deste ano,  73 foram em menores de 15 anos de idade (23,5%). Dos 8.102 casos graves  no mesmo período, foram identificados 2.794 casos em crianças e  adolescentes (34%). E, desde 2008, pelo menos 25% dos pacientes  internados em decorrência da dengue têm menos de 15 anos de idade.
 

 
 
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