segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Para reduzir dengue, biofábrica solta mosquitos transgênicos

No começo da noite de uma quinta-feira de setembro, a rodoviária de Juazeiro da Bahia era o retrato da desolação. No saguão mal iluminado, funcionavam um box cuja especialidade é caldo de carne, uma lanchonete de balcão comprido, ornado por salgados, biscoitos e batata chips, e um único guichê – com perturbadoras nuvens de mosquitos sobre as cabeças de quem aguardava para comprar passagens para pequenas cidades ou capitais nordestinas.
Assentada à beira do rio São Francisco, na fronteira entre Pernambuco e Bahia, Juazeiro já foi uma cidade cortada por córregos, afluentes de um dos maiores rios do País. Hoje, tem mais de 200 mil habitantes, compõe o maior aglomerado urbano do semiárido nordestino ao lado de Petrolina – com a qual soma meio milhão de pessoas – e é infestada por muriçocas (ou pernilongos, se preferir). Os cursos de água que drenavam pequenas nascentes viraram esgotos a céu aberto, extensos criadouros do inseto, tradicionalmente combatidos com inseticida e raquete elétrica, ou janelas fechadas com ar condicionado para os mais endinheirados.
Mas os moradores de Juazeiro não espantam só muriçocas nesse início de primavera. A cidade é o centro de testes de uma nova técnica científica que utiliza Aedes aegypti transgênicos para combater a dengue, doença transmitida pela espécie. Desenvolvido pela empresa britânica de biotecnologia Oxitec, o método consiste basicamente na inserção de um gene letal nos mosquitos machos que, liberados em grande quantidade no meio ambiente, copulam com as fêmeas selvagens e geram uma cria programada para morrer. Assim, se o experimento funcionar, a morte prematura das larvas reduz progressivamente a população de mosquitos dessa espécie.
A técnica é a mais nova arma para combater uma doença que não só resiste como avança sobre os métodos até então empregados em seu controle. A Organização Mundial de Saúde estima que possam haver de 50 a 100 milhões de casos de dengue por ano no mundo. No Brasil, a doença é endêmica, com epidemias anuais em várias cidades, principalmente nas grandes capitais. Em 2012, somente entre os dias 1º de janeiro e 16 de fevereiro, foram registrados mais de 70 mil casos no País. Em 2013, no mesmo período, o número praticamente triplicou, passou para 204 mil casos. Este ano, até agora, 400 pessoas já morreram de dengue no Brasil.
Em Juazeiro, o método de patente britânica é testado pela organização social Moscamed, que reproduz e libera ao ar livre os mosquitos transgênicos desde 2011. Na biofábrica montada no município e que tem capacidade para produzir até 4 milhões de mosquitos por semana, toda cadeia produtiva do inseto transgênico é realizada – exceção feita à modificação genética propriamente dita, executada nos laboratórios da Oxitec, em Oxford. Larvas transgênicas foram importadas pela Moscamed e passaram a ser reproduzidas nos laboratórios da instituição.
Os testes desde o início são financiados pela Secretaria da Saúde da Bahia – com o apoio institucional da secretaria de Juazeiro – e no último mês de julho se estenderam ao município de Jacobina, na extremidade norte da Chapada Diamantina. Na cidade serrana de aproximadamente 80 mil habitantes, a Moscamed põe à prova a capacidade da técnica de “suprimir” (a palavra usada pelos cientistas para exterminar toda a população de mosquitos) o Aedes aegypti em toda uma cidade, já que em Juazeiro a estratégia se mostrou eficaz, mas limitada por enquanto a dois bairros.
“Os resultados de 2011 e 2012 mostraram que (a técnica) realmente funcionava bem. E a convite e financiados pelo Governo do Estado da Bahia resolvemos avançar e irmos pra Jacobina. Agora não mais como piloto, mas fazendo um teste pra realmente eliminar a população (de mosquitos)”, fala Aldo Malavasi, professor aposentado do Departamento de Genética do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e atual presidente da Moscamed. A USP também integra o projeto.
Malavasi trabalha na região desde 2006, quando a Moscamed foi criada para combater uma praga agrícola, a mosca-das-frutas, com técnica parecida – a Técnica do Inseto Estéril. A lógica é a mesma: produzir insetos estéreis para copular com as fêmeas selvagens e assim reduzir gradativamente essa população. A diferença está na forma como estes insetos são esterilizados. Ao invés de modificação genética, radiação. A TIE é usada largamente desde a década de 1970, principalmente em espécies consideradas ameaças à agricultura. O problema é que até agora a tecnologia não se adequava a mosquitos como o Aedes aegypti, que não resistiam de forma satisfatória à radiação.
O plano de comunicação
As primeiras liberações em campo do Aedes transgênico foram realizadas nas Ilhas Cayman, entre o final de 2009 e 2010. O território britânico no Caribe, formado por três ilhas localizadas ao Sul de Cuba, se mostrou não apenas um paraíso fiscal (existem mais empresas registradas nas ilhas do que seus 50 mil habitantes), mas também espaço propício para a liberação dos mosquitos transgênicos, devido à ausência de leis de biossegurança. As Ilhas Cayman não são signatárias do Procolo de Cartagena, o principal documento internacional sobre o assunto, nem são cobertas pela Convenção de Aarthus – aprovada pela União Europeia e da qual o Reino Unido faz parte – que versa sobre o acesso à informação, participação e justiça nos processos de tomada de decisão sobre o meio ambiente.
Ao invés da publicação e consulta pública prévia sobre os riscos envolvidos no experimento, como exigiriam os acordos internacionais citados, os cerca de 3 milhões de mosquitos soltos no clima tropical das Ilhas Cayman ganharam o mundo sem nenhum processo de debate ou consulta pública. A autorização foi concedida exclusivamente pelo Departamento de Agricultura das Ilhas. Parceiro local da Oxitec nos testes, a Mosquito Research & Control Unit (Unidade de Pesquisa e Controle de Mosquito) postou um vídeo promocional sobre o assunto apenas em outubro de 2010, ainda assim sem mencionar a natureza transgênica dos mosquitos. O vídeo foi divulgado exatamente um mês antes da apresentação dos resultados dos experimentos pela própria Oxitec no encontro anual da American Society of Tropical Medicine and Hygiene(Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene), nos Estados Unidos.
A comunidade científica se surpreendeu com a notícia de que as primeiras liberações no mundo de insetos modificados geneticamente já haviam sido realizadas, sem que os próprios especialistas no assunto tivessem conhecimento. A surpresa se estendeu ao resultado: segundo os dados da Oxitec, os experimentos haviam atingido 80% de redução na população de Aedes aegypti nas Ilhas Cayman. O número confirmava para a empresa que a técnica criada em laboratório poderia ser de fato eficiente. Desde então, novos testes de campo passaram a ser articulados em outros países – notadamente subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, com clima tropical e problemas históricos com a dengue.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Instituto Butantan recruta 50 voluntarios para testar vacina nacional da dengue



Instituto Butantan, em São Paulo, deve iniciar em novembro a segunda fase clínica de um estudo que busca comprovar a eficácia e a segurança em humanos de uma vacina contra a dengue. Desde a última quarta-feira (2), um grupo de 50 voluntários adultos começará a ser recrutado na capital paulista. No início de 2014, outras 250 pessoas devem ser convocadas.

Essa é a primeira vacina contra a dengue de produção 100% nacional a ser testada em humanos no país. A dose é tetravalente, ou seja, imuniza contra os quatro sorotipos do vírus, e foi desenvolvida há mais de uma década pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), chegando ao Brasil por meio de transferência tecnológica – as conversas para isso começaram em 2006. Nos EUA, em uma primeira fase de estudo, a vacina foi testada em 750 indivíduos adultos. Antes disso, cada um dos quatro tipos do vírus foi aplicado separadamente em animais.

 As reações adversas encontradas nos americanos foram apenas dor local e erupção cutânea (conhecida como exantema ou rash), o que para os pesquisadores é um bom sinal, pois mostra que o vírus realmente causou uma resposta imunológica no organismo.
Se os próximos resultados forem positivos, a previsão é que a vacina seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e possa fazer parte do Programa Nacinal de Imunizações em 2018. Além do Butantan, há outra iniciativa nacional para produção de vacina contra a dengue, encabeçada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK). Mas essa pesquisa ainda não iniciou testes em seres humanos.
Para a segunda fase de testes do Butantan, houve um investimento de R$ 3,5 milhões, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pela Fundação Butantan e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Além do NIH, outros parceiros internacionais do Butantan são a Faculdade de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins e a organização Global Solution for Infectious Diseases. No Brasil, além do HC, o Instituto Adolfo Lutz e a própria USP vão colaborar na nova fase de testes. Ao todo, há cerca de 200 pesquisadores envolvidos, segundo o Butantan.

Como participar
Entre os critérios para participar da primeira parte do estudo do Butantan, estão: o voluntário (de ambos os sexos) deve morar na cidade de São Paulo, ter entre 18 e 59 anos de idade, não ter tido dengue, não apresentar doenças neurológicas, cardíacas, pulmonares, do fígado ou que comprometam o sistema de defesa do organismo, como diabetes e câncer. Mulheres grávidas, em fase de amamentação ou que pretendam engravidar também não devem se inscrever. Ao todo, cerca de mil pessoas devem ser analisadas para chegar aos 50 voluntários finais.
Após saber todos os detalhes dos testes, receber orientações e tirar dúvidas, os participantes devem assinar um termo de consentimento. Depois disso, eles serão acompanhados ao longo de cinco anos por uma equipe multidisciplinar do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, formada por médicos, enfermeiros e farmacêuticos. A previsão é que, durante o estudo, os voluntários façam 28 consultas. Esse monitoramento servirá para ver como a resposta imunológica à dengue se mantém ao longo dos anos, e se será preciso aplicar uma dose de reforço.
Interessados devem ligar para os telefones (11) 2661-7214 ou 2661-3344, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. É possível também mandar um e-mail para o endereço vacinadengue@usp.br ou acessar o site www.vacinadengue.com.br.

LEIA MAIS:  g1.globo.com

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Estudo mostra interação complexa entre mosquito e vírus da dengue

A dengue mantém interações complexas com o mosquito que transmite para o homem o vírus desta doença, cujas infecções aumentam nas regiões tropicais do planeta, com meio milhão de casos graves e 10 mil mortes registradas todos os anos, revelou um estudo publicado esta semana.

Uma equipe de cientistas do Instituto Pasteur de Paris, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês (CNRS) e do Centro de Pesquisa Militar Tailandês-americano (Afrims) se dedicou ao estudo dos fatores genéticos que determinam a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito 'Aedes aegypti'.

Atualmente, existem quatro grandes tipos (sorotipos) do vírus causador desta doença, que provoca, entre outros sintomas, febre, dores de cabeça, nos músculos e articulações, assim como erupções cutâneas.

Em forte progressão no mundo, a dengue se tornou endêmica em mais de 100 países e emergente em novas regiões, com os primeiros casos autóctones registrados na Europa continental na França e na Croácia.

Várias equipes de cientistas no mundo trabalham atualmente sobre as interações entre o vírus da dengue e o mosquito vetor, o 'Aedes egypti', que também é o principal transmissor da febre amarela.

A esperança é poder um dia selecionar os mosquitos resistentes a este vírus ou os menos capazes de transmiti-lo ao homem, a fim de romper o ciclo da doença.

A equipe franco-tailandesa-americana trabalhou com mosquitos selvagens capturados na Tailândia para efetuar um levantamento dos fatores genéticos do inseto que condicionam a transmissão do vírus ao homem.

Os cientistas descobriram que uma "série de fatores genéticos" produziriam mosquitos mais ou menos aptos a transmitir o vírus da dengue e que estes fatores estariam presentes na população natural dos insetos, explicaram em comunicado conjunto o CNRS e o Instituto Pasteur.
 
Fonte: pernambuco.com

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Dengue Jaboatão participa da Capacitação para implantação do SISPNCD


Nos dias 15 a 17 de maio,  profissionais, Coordenador do programa da dengue e suporte técnico do SISFAD, dos municípios da 1ª Regional de Saúde do Estado de Pernambuco, participam do treinamento do novo sistema de informação da DENGUE, através da Coordenação Estadual. 

O SISPNCD será utilizado para acompanhar os trabalhos dos agentes de endemias. Com ele, o Estado pretende obter informações sobre as áreas de maior risco de transmissão da dengue para melhor direcionar os trabalhos das equipes.

O Sisfad está em processo de aperfeiçoamento, vem sendo reestruturado na plataforma Windows (nos moldes do sistema atualmente em uso para malária) e sua denominação será substituída para SisPNCD – Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue. A nova versão terá informações complementares, dentre elas: 

» Cadastro de Pontos Estratégicos, veículos (UBV), armadilhas, áreas e microáreas, 

» Cadastro de recursos humanos, com informações apenas dos quantitativos de agentes, supervisores, motoristas, laboratorista, entre outros;

» Relatórios de consumo de inseticida nas atividades de rotina (visita casa a casa) e emergenciais; 

» Utilização do Sisloc com vistas à organização e atualização na base de localidades; 

» Programação dos ciclos de atividades de aplicação de Ultra baixo Volume (UBV).

O SisPNCD apresentará o módulo local ou municipal e módulo web. O módulo local terá três níveis de acesso: administrador, digitador e gerente. O módulo web apresentará níveis de acesso municipal, estadual e federal.

O fluxo de envio das informações para o nível estadual e federal será realizado semanalmente. Ao fim da digitação dos dados semanais, o município deverá gerar lotes de dados e em seguida enviá-los por intermédio do SisNET (programa de envio dos dados). Após esse procedimento, o SisPNCD módulo web receberá as informações que serão automaticamente disponibilizadas para os níveis federal e estadual no mesmo instante.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Secretaria de Saúde divulga balanço da campanha de combate à dengue

O resultado da campanha municipal de combate à dengue, ação intitulada de “Dia D”, que aconteceu entre os meses de fevereiro e abril deste ano, foi divulgada na última segunda-feira (22/04). A atividade objetivou sensibilizar a população sobre a importância de prevenir o surgimento de focos do mosquito Aedes aegypti. Para isso, foram desenvolvidas ações como visitas domiciliares, panfletagens, palestras, dentre outras.  
Todas as Regionais Administrativas da cidade receberam as ações de mobilização. As localidades foram escolhidas em virtude dos índices de infestação da enfermidade.  Em cada ato da campanha, foram mobilizados 163 Agentes de Controle de Endemias, seis técnicos do grupo de educação e saúde do Centro de Vigilância Ambiental (CVA), dez profissionais da Secretaria de Serviços Urbanos, além de um caminhão caçamba para retirada dos recipientes, que acumulam água e não são mais úteis à população, a exemplo de pneus, latas, dentre outros.

O exército também participou da campanha. O 14º Batalhão de Infantaria Motorizada (14º BI Mtz) - Regimento Guararapes, auxiliou nas atividades com 40 homens em cada “Dia D”. “Ao final das ações preventivas, concluímos que os objetivos foram alcançados”, afirmou a coordenadora de Vigilância e Controle da Dengue de Jaboatão, Elizabeth Jerônimo.

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Nosso objetivo é que você esclareça todas as suas dúvidas sobre a dengue. Esperamos também a sua colaboração na luta contra o mosquito.