"JÚLIA VERAS
Pernambuco está entre um grupo de dez estados brasileiros que, segundo o Ministério da Saúde, correm risco muito alto de enfrentar uma epidemia de dengue nos próximos meses. A afirmação foi feita pelo Ministério com base em uma ferramenta chamada de “Risco Dengue”, que utiliza cinco critérios básicos, sendo três do setor de saúde (incidência de casos nos anos anteriores, índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e tipos de vírus da dengue em circulação); um ambiental (cobertura de abastecimento de água, rede coletora de esgoto e coleta de lixo); e um demográfico (densidade populacional). No caso de Pernambuco, a incidência nos anos anteriores na Região Metropolitana do Recife (RMR) rendeu quatro pontos; o índice de infestação, mais quatro; condições do esgotamento e coleta de lixo, quatro pontos; densidade populacional, dois pontos e a circulação do sorotipo, seis pontos. O total foi de 20 pontos, limite inicial para o risco muito alto. Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado (SES), desde janeiro, foram notificados 41.908 casos de dengue, distribuídos em 173 municípios pernambucanos, sendo 11.495 confirmados. Em comparação ao ano passado, os números representam um aumento de 541,19% de notificações. Segundo a diretora geral de Controle de Doenças e Agravos da SES, Jacyra Ferreira, um dos motivos para esta colocação do Estado seria a circulação por aqui do vírus tipo 1, para o qual os pernambucanos ainda não têm anticorpos. “Em relação a esses novos dados, vamos procurar ‘sentar’ com os municípios, identificando o perfil de cada localidade e intensificando as ações de combate. Mas, para isso, também vamos precisar da ajuda da população, já que 70% dos focos do mosquito estão nos domicílios, por isso, pedimos que todos tomem cuidado com a água parada”, argumentou. Ainda de acordo com as informações repassadas pelo Ministério da Saúde, a nova metodologia reforçaria o caráter intersetorial do controle da dengue e permitirá aos gestores locais de Saúde intensificar as diversas ações de prevenção nas áreas de maior risco. Questionado sobre a possibilidade do desenvolvimento políticas públicas de combate à doença por meio das informações obtidas pela ferramenta, o Ministério informou que as ações de controle da dengue são permanentes em todas as três esferas do SUS, municipal, estadual e federal. São feitos repasses trimestrais de recursos para ações de Vigilância em Saúde para os estados e municípios. Este recurso não é exclusivo para dengue e os gestores locais têm autonomia para decidir que porcentagem será aplicada em ações específicas dessa doença, conforme a realidade local. Para o ano de 2010, a previsão de recursos para a Vigilância em Saúde é de R$ 1,02 bilhão para todo o País. Cabe ainda ao Ministério a aquisição e repasse de insumos como inseticidas, larvicidas e kits diagnósticos, equipamentos, no caso, nebulizadores costais e máquinas de fumacê, além dos veículos e medicamentos. Também cabe ao Ministério prestar assessorias técnicas e fazer capacitações estaduais, além de auxiliar e supervisionar a elaboração dos planos de contingência locais para dengue. Saiba mais Segundo os dados mais recentes da SES, em 2010 houve 257 pacientes que apresentaram sintomas suspeitos de dengue hemorrágica. Desses, 59 casos foram confirmados. No ano passado, até agosto, 20 doentes estiveram com suspeita de ter contraído essa forma mais agressiva da doença, com a confirmação de cinco casos. Até o momento, foram confirmados cinco óbitos por dengue, no Estado. Outros 38 estão em investigação. Dos óbitos confirmados, quatro foram registrados em Recife e um em Olinda. No mesmo período do ano passado, a Secretaria notificou 6.536 casos da doença. No total, 1.406 foram confirmados. Neste mesmo período, não foi registrado nenhum óbito em Pernambuco. " |
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